Falarei de minha experiência como um bacharel em física e citarei a experiência de alguns conhecidos. Não sei se dá pra generalizar!
A empregrabilidade de uns estudante de física não é tão ruim quanto pensam. Escolas privadas e cursinhos costumam ter ótimas oportunidades de trabalho como monitor, plantonista e até como professor. O salário não é ruim, o problema é que esses empregos tomam tanto tempo que acabam atrasando demais a graduação. Muitos dos meus colegas que conseguiram emprego no terceiro ano acabaram prolongando o curso até quase o sétimo, pois priorizaram as aulas.
Após formado, é mais fácil manter tais empregos e a perspectiva, novamente, não é ruim do ponto de vista financeiro. Porém para seguir carreira como educador exige formação específica. Por exemplo, coordenadores de curso e diretores precisam de formação em licenciatura ou pedagogia. Desses colegas que citei, alguns se transferiram para a licenciatura, outros terminaram o curso e se matricularam em universidades particulares só pelo título.
Após formados, muitos colegas conseguiram empregos em universidades particulares e centros de ensino profissionalizante. Novos campi são ótimos para isso, ainda mais os que possuem cursos de engenharia, T.I. e até outros como radiologia. Q.I. ("quem indique") sempre ajuda muito.
Para um pessoa com o curso em andamento, empregos em universidades particulares e outros lugares também existem, mas são mais raros. Eu trabalhei como técnico de laboratório didático em um universidade particular, mas minha formação técnica ajudou bastante em conseguir a vaga. Quando saí, consegui "colocar" um colega que não tinha qualquer formação específica, ou seja, meu diploma em um curso técnico me ajudou a ser convocado, mas não é um pré-requisito verdadeiro. Também tive um colega que trabalhou como monitor em um museu de ciências e observatório para divulgação.
Aliás, tudo isso foi em uma cidade de porte médio do interior de São Paulo. Pelo que ouvi, na capital a oferta é maior.
Em um caso raro, tive um colega que deixou o mestrado para trabalhar em uma empresa de análise de risco de mercado e tem se empregado na área até hoje. O que ajudou é que o projeto de iniciação e mestrado dele era baseado em análise de séries temporais e outras ferramentas que hoje são muito requisitadas. Ele também tem conhecidos que trabalham em bancos em vagas semelhantes.
Enfim, existem empregos SIM para um bacharel em física. O problema é, como deve ter notado, tempo e prioridades. Empregos tomam tempo que pode atrasar sua trajetória acadêmica. Além disso, muitos acabam priorizando o emprego (ou seja, a sobrevivência!!) a revelia dos cursos e acabam por deixar a carreira científica.
Outra coisa que pode ser considerada um problema são as bolsas de pós-graduação. Elas são condicionadas à dedicação exclusiva, por isso não podemos assumir atividades remuneradas enquanto somos bolsistas. A bolsa de doutorado da CAPES e da CNPq é de R$2000,00 atualmente. Para ganhar isso como professor de ensino médio é preciso trabalhar cerca de 20 horas semanais e ainda abdicar da bolsa. Ou seja, na prática um aluno de doutorado com bolsa teria que trabalhar 20 horas por semana de graça se assumisse a vaga!! Assim, qualquer emprego em que seus ganhos não superem muito o valor da bolsa não valem a pena devido ao tempo necessário. E isso apesar de o dinheiro não ser muito! Muitos acabam se empregando por baixo dos panos, mas isso não torna o tempo dispendido nesses empregos menor. É possível conseguir autorização para mantermos a bolsa apesar de empregados no ensino, porém isso depende de autorização da instituição em que você cursa a pós-graduação e do seu orientador e a maioria evita isso ao máximo.
Enfim, não desanime da carreira se é isso que você quer. Você não irá morrer de fome! O problema é que demorará para ter condições de, por exemplo, sustentar uma família com os ganhos...
PS:
E diferente dos que muitos nessa categoria adoram dizer, TRABALHAR NO EXTERIOR NÃO É OPÇÃO. Pelo menos para um recém-graduado. Oportunidades em ciência são raras em qualquer parte do mundo e potências científicas, apesar de oferecerem ganhos e oportunidades melhores, só ficam com a nata do mundo. Ou seja, MESMO GRADUADO, OPORTUNIDADES DE EMPREGO FORA DO BRASIL SÃO MENORES DO QUE AQUI.